terça-feira, 25 de agosto de 2009

Viagem e maionese...


......Já sentia o cheiro dos lilases, não se ouvia música, mas o aroma das flores e da terra se fazia sentir. Para onde olhava tudo parecia perfeito. Metade do céu tinha o rubor do pôr-do-sol. Permaneceu assim, em silêncio. Viajando pela atmosfera com seus sentidos como se pudesse voar. Havia nela a paixão de contemplar a vida. Gostava de ler livros que descrevia os meandros da alma humana.
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.....Passou sua tarde assim, deslizando pelos jardins, pelas avenidas, pensando em como seria viver uma vida sem compromissos, cobranças e regras. Apenas viver e sentir seu coração pulsando com alegria. Um dia ela ainda viveria assim, prometia isso pra si mesmo. Acelerou o passo, lembrou que já estava quase na hora de servir o jantar. Entrou no mercado, tirou a lista da bolsa e começou a ler a única poesia que fazia parte da sua vida. Arroz, feijão, farinha, ovos, cebola, papel higiênico, frango, detergente, maionese...

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Naquele dia, naquele parque...


..........Depois de algum tempo, ele resolveu mudar de vida. Mudar alguns hábitos que já estavam ultrapassados. Talvez assim vivesse melhor, mesmo sem ela e aqueles passeios que sempre faziam juntos. Resolveu então entrar numa academia, e depois de algumas semanas, seus músculos já faziam a camiseta esticar. Largou o livro e começou a olhar aquela foto que lembrava que um dia fora feliz com ela. Gostaria de pelo menos revê-la. Ma ela havia sumido. Disseram para ele que isso poderia acontecer um dia com sua falta de atenção, mas ele não acreditou e a deixou partir. .

.......Tentou ter notícias pelo jornal, mas nunca obteve respostas. Ele achava-se uma boa pessoa. Afinal de contas ganhava bem e não fumava, levava bem a vida e pagava seus impostos em dia. Ele teria sido um bom companheiro. Sabia disso. Preparava-se para isso: lia revistas e livros sobre o assunto. Mas ela simplesmente o deixara. Ele não entendia isso. Mas tudo bem, ele decidira não mais pensar nela, ela devia estar obviamente perturbada de sumir assim da vida dele. .

......Mas o que ele não sabia que todos esses pensamentos levianos se resumiam a uma mentira inábil para revelar que ele, na verdade, sabia muito pouco sobre companheirismo, amor e cuidado. Eis, porém, a verdade: ele encontrara a sua inutilidade quando esquecera sua cadela, tão estimada por toda a família no parque.