segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Ano novo, vida velha.


Ano Novo. Ah Ano Novo. Sentados ficamos à mesa a te esperar. Mastigávamos preguiçosamente enquanto ouvíamos um som com batidas monótonas somente a te aguardar. Já havíamos esvaziados várias taças de um vinho seco qualquer, enquanto eu pensava no meu invencível e irremediável tédio.
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Ano novo no verão. Ahh verão. Verão este que me enche de melancolia desconsolada com esse crepitar monótono dos grilos que me deprimem como um pesadelo medonho. Apesar do tédio que nos corroia, nós nos preparávamos para comemorar a chegada do Ano Novo com toda sua solenidade, porém com certa impaciência que o sono impunha.
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Às vezes, quando até o ar que respiramos gelava de tanto tédio e reinava um silêncio solitário ficávamos a divagar sobre o que nos aguardava para o novo ano que se esperava. E depois de tanto pensar nos reconfortávamos com a idéia de que nada pior poderia acontecer conosco, já que estávamos numa vida de fracassos e desgostos. Afinal, o que mais poderia nos acontecer de ruim?
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Amor, não houve, nunca houve, nem agora há e provavelmente nunca chegará. Não há mais virilidade, ousadia ou cordialidade e por mais amargura que sentisse por viver num asilo deprimido e solitário, tentava me esforçar para ter pensamentos ainda mais tristes e sombrios. Já fui ofendido, humilhado e também ofendi e humilhei toda a minha vida. Parece que de tudo já foi sofrido. Sim, então o que acontecerá?
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É isso Ano novo. Em má hora eu vos aguardo. Eis que da vida me resta pouco. E agora me diga:
o que mais de ruim você me dará?

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Aviso e agradecimentos

Em minha vida tenho encontrado muitas pessoas interessantes, desinteressantes, ateus, Inteligentes, ignorantes, enfim, de tudo um pouco. De vários me fiz amiga. De outros não, tampouco me fiz inimiga. Quase sempre concordo com eles, quase sempre não. E por aí vou, borboletando de flor em flor, algumas com espinhos, outras não. E hoje quero deixar meu agradecimento especial à esses novos amigos inteligentes, sem espinhos e tão bacanas. 

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Sai Zumbido


Que a mosca que agora zumbe
à minha volta e me atormenta,

que ela adormerça esta noite
e assim permaneça.
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Basta mosca insensata!
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Que à entrada da noite você desapareça.
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Se não eu te mato sua mosca azarenta.
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Como dizia Goethe:
"E se o homem em sua dor se cala,
Um deus me permitiu dizer o quanto sofro."
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Então eu digo quanto e como eu sofro da forma que eu quiser, certo?

domingo, 30 de novembro de 2008

Minha vida

Hoje não terá poesia, hoje não terá conto. Hoje será um passeio pelo meu mundo e você está convidado a conhecer o meu refúgio, se assim o desejar. Moro em apartamento. E a minha sala sempre tem espaço para mais um. Na janela tenho um mensageiro dos ventos, adoro o barulhinho que ele faz e gosto de incenso também. Dragão chinês, jardim zen, velas coloridas e perfumadas e duas gueixas darão às boas vindas discretamente na mesinha de centro à quem vêm. Tenho também em outra mesinha dois monges tibetanos em meditação para me lembraram que a pressa de nada adianta. Mas eu sempre me esqueço disso.
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Gosto de me reunir com os amigos, e para não sair muito de perto do meu recanto e do meu rebanho, trouxe um pouco do frisson dos barzinhos pra dentro de casa. Minha cozinha é do tipo americana, que é onde mais gosto de beber alguma coisa enquanto falo sobre a vida com amigos. Quem senta nas banquetas visualiza minha mandala que pintei num plat.
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Sim, gosto de pintar. Logo no corredor tem uma pintura que fiz na aquarela, e meus amigos até hoje juram que eu imprimi na internet. Sinto-me lisonjeada, porque deve estar bem feito então. Na minha geladeira sempre tem duas garrafas de vinho tinto seco descansando para a próxima ocasião. Gosto de cozinhar, e sei cozinhar do básico como arroz, feijão, bife e batatas fritas, ou os almoços que gosto de fazer aos finais de semana mais requintado. Gosto de chá e já fui vegetariana.

Não sou muito vaidosa, gostaria de ser mais. Alguns dizem que eu tenho sorte de ser “bonita” por eu não gostar de me arrumar muito. Não sei se entendo isso como um elogio ou uma crítica disfarçada ao meu desleixo. Não uso brincos, nunca me lembro de colocá-los. Também quase não uso maquiagem, prefiro o natural. Tenho uma tatuagem. Não brigo muito com meu cabelo, poupo as energias para as brigas com a balança. Adoro usar sandálias baixas, acho mais confortável. Para ser psicóloga não tem problema, mas receio que como advogada não terá escapatória aderir aos saltos. Tenho várias bolsas, mas sempre uso a mesma. Tenho roupas que nunca usei. E vivo fazendo um limpa para doações. .
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Gosto de ligar o som as vezes e dançar no meio da sala. Mas na maioria escuto músicas clássicas. Faço yoga entre um móvel e outro quando dá. Adoro ver filme e ler um bom livro. Não tenho mais espaço para guardar-los, mas continuo comprando. Nunca sei onde meus óculos estão, apesar de ter 3 por precaução. Uso-o para ver televisão, dirigir ou assistir aula. Sou míope.
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Adoro frio, adoro dormir com o ar condicionado ligado. Gosto da minha casa, do meu lar. Estou habituada com o que tudo nela compõe. Estou habituada também ao amor. Aprendi a amar e ser amada, mas aprendi também a perder. As pessoas que me conhecem dizem que eu transmito paz com meu jeito tranqüilo de ser. Eu sou assim. Embora tenha toda a ansiedade capaz de tirar meu sono. Mas em tudo sou simples. Minha vida é simples e tento mantê-la assim. Tenho tudo que eu preciso. Deus foi e é generoso comigo. Se mereço, não cabe a mim dizer. Essa sou eu. Se decepcionei alguém, lamento. Mas nada mudará.

É isso.

sábado, 29 de novembro de 2008

Pensamentos


Um pensamento
Paixão louca, sem pé nem cabeça.
Consumia à todo minuto
sem lhe dar ao menos um minuto de trégua.
Um pensamento que parecia eterno.
Amava e despia-se secretamente,
entorpecida pelo perfume de uma paixão solitária.
Ela o deseja, velava seu sono, afagava-lhe,
acariciava todo seu ser.
Em silêncio.
Á distância.
Sem nunca ser notada.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Grupo de Apoio Associação dos Suicidas

Já estavam presentes uns trinta detentos. Alguns sentados, outros em pé, enquanto a maior parte conversavam em pequenos grupos dispersos. Jeff(primeira parte aqui) que estava há um mês na prisão, sentou numa cadeira qualquer vazia quando um senhor já de idade chamava a atenção de todos. Fez-se silêncio:
- Senhores, iremos dar início ao nosso grupo de apoio AS.

O senhor pegou uma imagem de um detento enforcado que estava desfocada, mas dava para ver a desgraça na foto. Todos aplaudiram juntamente com elogios para o morto.
- Ele conseguiu! Ele disse que fugiria daqui e o danado foi mesmo, e olhem para não ter o perigo de não morrer enforcado, o safado antes ainda cortou os próprios pulsos, ele é merecedor de aplausos realmente.

Os detentos aplaudiram novamente, levantaram, assobiaram, ficaram todos alegres com aquilo. Jeff permaneceu sentado, observando, petrificado com aquela celebração da morte de um homem. Foi quando o senhor perguntou:
- Vejo que temos um novo colega aqui, seja bem-vindo, pode nos dizer por que está aqui?
- Latrocínio.
- Hum entendo. Qual a sua pena?
- Perpétua.
- Já pensou de que forma irá se suicidar?
- Bem, eu ainda não tinha pensado nisso, mas como a minha vida é um desastre, à partir de agora isto fará parte dos meus planos.
- Acho que um suicídio seria reconfortante na sua condição.
- De fato, sou tão desastrado para viver que talvez me realize na morte. Sem dúvida tenho mais capacidade para estar morto do que para estar vivo.
- Estou certo que sim, serás um grande morto.
- Obrigado, pela primeira vez na vida eu tenho uma expectativa de algo. Serei um grande morto. Darei cabo a minha vida que me dá tão pouco e me toma tanto. Não sei o motivo de vocês e pouco me importa. O nosso ponto comum é que estamos na merda.
Jeff falou isso sem pensar, ele não queria viver, é verdade, mas descobriria mais tarde que tampouco queria morrer.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Olhe para mim

Tente me tocar Estou aqui
Você não percebe Você não vê
Mas sempre estou aqui
Não se mexa Fique assim
Não fale, não pense
Apenas sinta
Receba o meu calor
Quero tocar você
Quero sentir você
Você consegue me ver?
Feche seus olhos e sinta-me
Estou te tocando Ninguém está vendo

Ninguém poderá nos alcançar
E agora eu estou aqui, a seu lado
Você me sente?
Sente meu calor, meu corpo no seu
Sente meus lábios nos seus
Agora, 0lhe para mim
Fique olhando para mim
Sinta a minha respiração
Sinta-me em você Seus braços me envolvem
Aquecendo-me Possuindo-me.....
Mas está terminando, não percebe?
Há sempre um final Talvez você olhe para trás
Talvez não Mas se olhar
Pensará se deveria ter feito o que queria ter feito
E se era para ser assim Se isto tinha que acontecer

Acredite, tinha que ser assim
O que tinha que acontecer, aconteceu
Agora, vamos permanecer assim afastados e,
Quando não houver mais nada Quando você perceber que acabou
Não pense mais em mim, não pense mais em nada
Porém, eu nunca esquecerei Que um dia te toquei
Com meus lábios e aqueci seu corpo ao menos uma vez.

(Post já publicado no falecido Crônica)

domingo, 23 de novembro de 2008

Do amor e seus mistérios

Esse final de semana observei com fascínio de voyeur um casal de velhinhos sentados na praça, aparentemente faziam carinho um no outro e logo comecei a imaginar a história daqueles dois: um casamento em cidade pequena, com todos os familiares e amigos (alguns mortos já há muito tempo, alguns beirando), algumas semanas de loucura sexual e depois a vida assentada rumo a um casamento para sempre, com filhos, obrigações, algumas brigas é claro, algumas vezes sexo de rotina sem nenhuma novidade, algumas com loucuras e paixão, seguidas de noites silenciosas com a ternura de cumplicidade e companheirismo. Suspirei. Acho que ando muito sentimental. Ando pensando muito nisso: AMOR.
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Esse final de semana também assisti a um filme “O Caminho para Casa”, baseado num livro de Bao Shido, dirigido por Zhang Yimou. Um drama que conta uma história de amor. Confesso que comecei a chorar na metade do filme pra lá.


O amor para mim sempre foi um mistério. Não saberia dizer com palavras sua definição, mas poderei tentar descreve-lô com uma cena desse filme, em que a "mocinha" corre com um prato de bolinhos de cogumelos na mão, numa distância enorme para entregar para o "mocinho" que está há caminho para uma viagem. E que o mesmo, disse que ia visita-lá para comer os tais bolinhos, mas ocorrendo um imprevisto não pôde ir como prometido e sai para sua viagem sem se despedir dela.

Ela poderia simplesmente ficar com raiva, gritar, quebrar os pratos, xingar até sua última geração por achar aquilo um desaforo. Mas não, quando ela sabe que ele partiu, sem comer os tais bolinhos, ela vai, se joga, sem ponderações, sem esquivas, sem pestanejar, literalmente corre atrás dele. Lindo né.
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Resolvi que quero amar assim, como a moça dos bolinhos de cogumelos. Ando muito romântica mesmo, eu sei. Mas o amor é incrível, uma experiência mais estimulante que a maioria de nós sentiu ou sentirá na vida. Acreditem.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Esclarecendo e Respondendo


Seguindo o post do Rob Gordon irei responder algumas perguntas sobre minha vida usando apenas nomes de canções de uma determinada banda, no meu caso resolvi responder com um pianista, cantor e compositor belga que é minha paixão.

Mas antes quero esclarecer uma coisinha. Algumas pessoas estão me perguntando o porquê do nome Barbarella. Pois bem, quando eu era jovem, por volta de uns 5 anos atrás (tsc tsc 15 anos), adorava assistir esse filme. Bastou minha mãe ver o filme apenas uma vez para jurar que eu era a verdadeira Barbarella, pois eu vivia no mundo da lua, dizia ela.

Claro que o filme é uma viagem total. Uma mulher que vem do espaço e é salva por um anjo cego e... espaço, espaço, espaço.
Enfim, foi o suficiente para minha mãe começar a me chamar de Barbarella(a lunática).

Barbarella é um personagem de histórias em quadrinhos adultos, criada em 1962 pelo ilustrador e escritor francês Jean Claude Forest.
Levada às telas de cinema pelo diretor Roger Vadim em 1968, Barbarella virou um filme extremamente popular e transformou a atriz americana Jane Fonda, que a interpretou, no símbolo sexual da época.

Então é isso gente, segue então como Barbarella.

Vamos as perguntas: Versão Wim Mertens

1) É homem ou mulher: You see

2) Descreva-se: Birds for the mind

3) O que as pessoas acham de você?
Au delà du fleuve

4) Como você descreveria o seu último relacionamento? The fosse

5) Descreva o estado atual da sua relação com seu namorad0 ou pretendente? Whisper me
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6) Onde gostaria de estar agora? Darpa

7) O que pensa a respeito do amor? Pierced heart

8) Como é a sua vida? Time Passing

9) O que pediria, se pudesse ter só um desejo? Plaisir D'amour

10) Escreva uma frase sábia: Casting no shadow
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Pessoal, estou em parceria com o
no
..

domingo, 16 de novembro de 2008

A última birita

Estava num bar perto do metrô, um inferninho, mudou sete vezes de dono, passou de mão em mão, primeiro para um nordestino, depois para um carioca, para um chinês, para um aleijado, depois para ...
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Não lembro, só sei que o Jeff gostava daquele lugar. Passava a maior parte do tempo ali assistindo a um jogo qualquer pela televisão; claro que assistir em casa seria bem melhor, pensava ele, mas anos e anos de bebedeira demonstraram que biritar sozinho e em casa poderia ser perigoso.
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O truque era saber o ponto de equilíbrio entre a solidão e a aglomeração, o golpe que precisava usar para não terminar num hospício. E assim estava ele, sentado num bar, morrendo de tédio, quando um amigo qualquer resolveu sentar-se ao seu lado.
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- Olha, não deixa aquela mulher te acabar assim não cara, senão você acaba na merda. Não caia nessa.
-Fica tranqüilo, não pretendo jogar lixo na fossa.
- Que bom, mas é que você está abatido, parece triste.
- Claro, e estou mesmo, aquela vagabunda me traiu, e ser corno é pior do que ser “viado”, mas com o tempo isso passa. Quer uma cerveja?
- Lógico, mas você está com uma cara de ressaca danada hein, não vai parar de beber?
- Que remédio, se tenho que esquecer, ressaca é sempre melhor que prozac.
- Acho que você tem razão. Mas olha hoje quero que você conheça um colega meu, meu chapa Bandi, passou mais tempo lá dentro do que aqui fora.
- Em cana?
- Em cana e no hospício.
- Tremendo barato. Diz pra ele chegar até aqui então.
- Vou ligar para ele, se ele ainda não estiver de porre ele vem...

Na segunda Jeff não foi trabalhar, na terça também não, na quarta idem. Bem, para encurtar a história, ele nunca mais foi visto. Dizem que esse foi seu último dia de liberdade, pois hoje Jeff mora num presídio.
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Seu crime, homicídio por motivo fútil e torpe, assim falou o juiz. Para Jeff, homicídio útil e libertador, porque agora podia dormir de alma lavada, pois matara seu pior pesadelo, o cara que o transformara em corno, o Bandi.
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E assim, a noite que não prometia nada mas que aconteceu tudo terminou para jeff. Bem melhor que a maioria.
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quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Papinho entre amigas...

- Alô.
- Oi amiga, como vai, tudo bem? Olha estou com saudades, vamos sair e beber um “chopinho”, sabe como é, colocar a conversa em dia.
- Hum, eu adoraria.
- Então, vamos que eu quero conversar sobre umas coisas que estão acontecendo ai sabe, mas vou começar a falar por aqui mesmo para quando chegarmos lá você já saberá metade da história.
- Mas, você não acha que...
- É rapidinho, olha só menina, lembra daquele meu amigo que te falei, aquele colega, sabe, o bonitão.... então, menina nós saímos ontem e, ai amiga, ai ai... estou tão ansiosa, foi tão bom sabe... e agora estou esperando ele me ligar, mas eu não sei se ligo ou espero ele me ligar... assim, o que você acha? Eu ligo, será que não vai ficar estranho, não sei sabe, pode ser que ele esteja com vergonha de me ligar....
- Mas.....
- Ou ele pode está sem crédito né, hummm.. deve ser isso .. então acho melhor eu ligar logo, valeu amiga pelo conselho, valeu mesmo, você me ajudou bastante, vou ligar agora mesmo que ainda da tempo de marcar algo para hoje...
- Mas e o “chopinho”?...e ...
- Ai desculpa amiga, mas hoje não vai dar, depois combinamos algo!
- Mas...
- Beijinhos ....Tu tu tu tu tu tu tu tuuuuuuuuuu...

Alguns minutos depois:
- Alô.
- Aiaiai...buáaaaaaaaa...
- Oi... por quê estás chorando?
- Poxa vida, ainda pergunta, você falou que eu deveria ligar logo pra ele lembra... buáaaaaaaaaa.... nossa, ele foi tão grosso comigo.... poxa amiga segui o seu conselho e veja só no que deu..
- Mas eu não.......
- É, eu não sei porquê ainda escuto seus conselhos....
- Mas........
- Deixa depois nós conversamos... tututututututututtu ttututututututuuuuuuu.............

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terça-feira, 11 de novembro de 2008

Silenciosamente louco


Um caminho suave Uma tarde silenciosa Sua ausência misteriosa
Sua presença na madrugada Numa noite amaldiçoada
Encostastes sua face na minha
Mas não olhaste para mim Não saberás quem te tocou
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Somente me sentirás como um vento Que te levou a voar
Que te deixaste a amar Loucamente Profundamente
Um toque no infinito Um eterno sofrimento
Apenas um pensamento Um desejo
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Que eu volte com a brisa Neste momento Do teu desalento
De um desesperado De um enlace terminado De um amor abandonado
Que ficaste no passado Naquele céu estrelado Uma noite silenciosa
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Sem a minha voz Sozinho Um vazio Sem saber de mim
Talvez ficando louco Implorando um pouco Daquele amor louco.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Mas hein...

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Quando o sol tomava conta do céu, quando um beija-flor cantava na varanda ela, no calor do apartamento, estava lá a pensar na sua vida. Seu casamento ainda se mantinha em pé. Só amores verdadeiros conseguem durar. E uma família tão perfeita igual a dela era coisa rara. Parou nesses pensamentos quando a campainha tocou.
- Pois não.
Era uma mulher aparentemente nos seus 30 anos.
-Você sabe quem sou?
- E que importância isso tem?
- Sou amante do seu marido.
- E você espera que eu o parabenize por isso?
- Você não vai fazer nada?
- Deveria?
- Poderia quebrar a minha cara para começar.
- Sim, sem dúvida. Mas olha no momento tenho outras preocupações, poderíamos marcar essa briga para amanhã às 11:00hs?
- ...
- E não se atrase porquê as 11:40 tenho que pegar meus filhos na escola e ao meio dia sirvo o almoço do meu marido. Mas alguma coisa?
- Hã... err aaa não.
-ok, até amanhã então.

sábado, 1 de novembro de 2008

Divagações

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Os pensamentos mais importantes são o que mais tardiamente são compreendidos, justamente aqueles de que mais precisamos, aqueles pensamentos que nos devora.
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Foi assim que ela terminou sua noite. Assistiu a um belo filme que a fizera chorar, e talvez por isso ela venha agora a divagar - “Sempre vivo tentando esconder meu verdadeiro eu, meu espírito, minha alma, minha essência, meus segredos” - pensou ela - “Estou sempre pronta a me desviar de mim mesmo”.

Mas Hoje ela não teve escapatória, pronto, lá estava ela fazendo o que ela sempre evitara - escutar sua alma. O que aconteceu? Ninguém sabe! Talvez a lua estivesse olhando para ela neste momento. Cobrando-a de algo que só elas sabiam.
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Talvez a lua esteja decepcionada. Deve estar cansada da forma como vinha se escondendo. Mas restava uma esperança, a de que ela iria agir no momento oportuno.
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“É tarde demais”! – Pensou. A melancolia de saber que já estava tudo feito, que sua vida já estava consumida pelo seu destino e não tinha mais como escapar de sua sorte, deixou-a num vazio descomedido, numa tristeza sem fim.
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Tudo que era profundo para ela, seu coração reprimia. Na poesia ela compensava. Nas palavras sofridas ela sentia. Na melodia ela chorava. “Ah meu anjo, deixaste a vida lhe passar!” - disse alguém uma vez para ela. - “Agora o Sol não irá mais te acordar e os pássaros não iram mais cantar”.
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E assim foi vivendo sem subterfúgios, para os restos de dias escuros que ainda lhe haveriam de passar.

Sua vida no silêncio

Não olhe mais para mim
Não tente olhar para mim
Não quero mais saber
O que queria entender
O que nunca existiu
Apenas quero te ver
No acaso, na vida. Por ai!
Sem pretensões
Sem emoções. Apenas por saber
Que você ainda vive. Que você assim suporta
Uma vida com a minha ausência
Num silêncio sem fim


Na solidão de uma vida morta.
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quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Amigos são para essas coisas

- Chega pra lá, não toque em mim, que te esborracho.
- Cada tapa que me deres, te devolverei com 10.
- Doente.
- Não te incomodes se tenho lepra.
- Doido, maluco.
- Não te incomodes tão pouco com isso.
- Prefiro o diabo.
- Deixo isso por sua conta. Mas me conta, o que houve para você ficar assim. Estás estressada?
- Tá tão evidente assim?
- ...
- Ah... tá bom vai, não foi um dia bom.
- Calma! Alguns dias são perdidos mesmo. Sei bem o que é isso.
- Houve um problema na produção de dias então. Ultimamente todos estão perdidos. Sabe, hoje é um dia desses....
- Ah sim, um desses dias.
- Esses dias que parece que só existem dois tipos de gente: as Vítimas e os culpados.
- Esqueceu que também existem os mortos.
- Claro que não. Os mortos são da turma dos culpados, senão por que seriam mortos?
- Eu prefiro então em ser os culpados, desde que isso signifique que haja inocentes.
- Você é um idiota.
- Melhorou?
- Acho que sim, é que ando amarga demais.
- Que é isso, imagina. Você ainda consegue sorrir.
- Isso não é um sorriso, é paralisia facial.
- Vê, e ainda tem senso de humor. Percebo que melhorastes, então vou nessa, tchau.
- Tá bom, maluco. Não some, tchau.
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terça-feira, 28 de outubro de 2008

E se....

Fazia frio quando ligaram para o senhor Henry:
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- O senhor precisa vir para o hospital urgente... disse a voz do outro lado da linha.
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- O que aconteceu? Perguntou. Mas em seu íntimo já sabia a resposta.
- Madame Henry está em trabalho de parto.
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Foi o suficiente para Henry sair em disparada, sem nem mesmo colocar o telefone no gancho. Já esperava por isso, quando saiu pela manhã percebeu um certo mal estar em sua querida esposa.
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Chegando ao hospital, Henry foi informado da situação de sua mulher:
- Senhor Henry, devo lhe esclarecer que o parto da madame Henry será complicado. Talvez seja importante a realização de uma cesárea, apesar de ser uma técnica nova, estamos confiantes de que será o melhor.
- Tudo bem Doutor, mas, por favor, não deixe que nada aconteça a minha esposa.
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E assim seguiram todos para a sala de cirurgia, inclusive o senhor Henry, que queria ficar ao lado da amada.Uma tensão no ar. Seguiu uma cirurgia complicada e demorada. Henry juntamente com as enfermeiras olhavam atentamente quando viram quando o doutor puxou o bebê.
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- Olha senhor Henry, disse a enfermeira, seu bebe nasceu, olhe, parece um menino.. sim, é um menino. Não está feliz senhor Henry.
Com uma cara de desespero e raiva eis a resposta:
- Como poderia, ele quase levou minha esposa.
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Somente este desabafo e Henry se retirou da sala, pois não poderia mais ver sua amada ser tão maltratada por aqueles médicos. Resolveu se sentar e esperar até que pudesse ficar com ela.Já haviam passado mais de duas horas quando veio finalmente o médico.
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- Senhor Henry, sinto lhe informar que perdemos seu bebê, ele já nasceu sem os sinais vitais, por isso o parto da sua esposa foi tão complicado, pedimos que o senhor tenha paciência, pois estamos tentando controlar no momento a hemorragia da sua esposa.
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Aquilo veio como uma facada para Henry, ele nem imaginava que sua esposa corria risco de vida. Ao ver a palidez do Henry, o médico sugeriu que ele fosse até a lanchonete comer algo, pois já estava ali há muito tempo sem se alimentar. E assim foi.. Pediu um café que não queria tomar e sentado na mesa ficou com seu cigarro a queimar somente com um pensamento.
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- E se ela morrer.- Pensava ele. - Não ela não irá morrer. Claro que não. Ainda tão jovem. Mas é se ela morrer. Mas e se ela ... não, isso não vai acontecer. Definitivamente não. Mas... não vou nem pensar nisso, ela não vai. Mas e se ela morrer... como iria ficar sem ela... não, não vai.
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Henry pegou a colher para misturar o açúcar em seu café como forma de espantar o agouro. Seus movimentos automáticos eram claros e seu pensamento com uma inquietação tão cruel que ele não conseguia desvanecer-se dele.
- Mas e se ela morrer. E ficava com esse pensamento inerte.
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Poderia confundir Henry com uma estátua de tão imóvel e sombrio ele parecia..
-Mas e se ela morrer. Já não só pensava, como falava também em voz alta.
- Mas e se ela morrer. – Olhando para o nada, repetia. – Mas e se ela morrer. Mas e se ela morrer. Não, não irá morrer. Não vai ficar tudo bem, vamos voltar para casa e continuar nossas vidas... como seria minha vida sem ela... não, não... não... ela não vai morrer.... Não poderia, não poderia me deixar sozinho... - e arriscando um sorriso gelado continuava - ... Não, ela não vai...
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Planejamos tudo, será tudo perfeito, ela ficará triste pela morte do nosso bebê... Mas, ela vai ficar boa. Vamos fazer uma viagem, ela vai ficar boa. Mas e se ela morrer.... mas e se ela morrer e me deixar... e se ela partir... e se ela morrer... Henry largou seu cigarro e seu café e correu para dentro do hospital, quando a enfermeira o encontrou:
- Senhor Henry estava a sua procura. Sinto muito senhor Henry...
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Ele correu. Foi em direção a sala em que estava sua esposa. Porém, já era tarde.
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A senhora Henry já havia falecido....
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E Henry não pôde despedir-se pois estava ocupado com seus pensamentos.
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quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Voando alto

- O que você faz durante o dia?

- Fico deitado na cama.

- Deve ser chato né?

- Nada, é legal. Eu gosto.

- Como pode ser legal ficar o dia inteiro deitado numa cama?

- É que assim eu não preciso falar, nem ver ninguém.

- E isso o agrada?

- Ah sim, têm muita gente medíocre por ai.

- Você tem namorada?

- Não.

- Você pensa em garotas?

- Claro. Mas isto está fora de cogitação.

- O quê? Garotas?

- Não. Namorada. Acho que nenhuma namorada iria querer ficar comigo o dia inteiro na cama olhando para o teto.

- Você não deveria pensar assim. Deveria se entreter com alguma coisa.

- Mas esse é o ponto. Estou muito ocupado fazendo as planilhas com os horários de todos os aviões que passam sobre a minha casa. Tenho todos anotados, a hora, a direção, barulho do seu motor. Sei por exemplo quando um se atrasa ou não.

- Você faz isso todos os dias?

- Menos quando venho aqui.

- Entendo. Ok, encerramos nossa consulta. Vemos-nos na próxima quarta então?

- Desculpa, tenho um compromisso importante.

- Com os aviões?

- Não. Namorada.

- Mas... é..

- (risos) Desculpe, estava apenas fazendo uma piada, pegou o espírito?

- Hã? Com os aviões?

- Não. Com a namorada.

- ...

- Então até quarta, tenha uma ótima semana.

- ...

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

O lobo apenas têm fome

Quem tem medo do lobo mau? Ouvi dizer que a floresta não é a mesma, a pacata chapéuzinho passou de "moça dócil" a "mulher ranzinza", porque ficou para titia.

Já o lobo mau, hoje faz parte de um grupo seleto de monges que estão em revolução no Tibet, depois que ficou viúvo da vovózinha resolveu que serviria somente a evolução espiritual.
Dizem que o lobo mau está escrevendo uma biografia onde ele conclui que o melhor afrodisíaco para uma vida é a carência sexual prolongada, porque só assim ele pôde conhecer a sua companheira, sua amada e falecida esposa, a vovózinha.

Eles viveram muito felizes, ao contrário de todas as expectativas da floresta. Sabem aquelas orelhas enormes, as “Orelhas de burro”!

Burro que nada, o lobo depois de passar a vida inteira comendo garotinhas, descobriu que caldo de galinha velha é que faz comida boa. A linda história de amor do lobo com a vovózinha começou entre o final da estórinha nostálgica que todos conhecemos e a estada do lobo na papuda. Deveras, porque sob o aspecto jurídico e moral, o lobo cometeu uma enorme gama de crimes tipificados no Código Penal Brasileiro quando invadiu a casa da vovó.

Foi concluído no STF que o lobo não era mau, o coitado apenas estava com fome. Só não se sabe até hoje de qual fome propriamente dita estavam falando, já que a vovózinha de vítima passou a cúmplice.

Quem não conhece a expressão de que não devemos ir ao supermercado fazer compras quando estamos com fome, se não pegamos tudo que vêmos pela frente?

Ora, há de se ver que com o amor e a paixão também é assim.
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domingo, 19 de outubro de 2008

Ócio

Olha a hora. Horário de verão, 2:43 AM e eu aqui.

Uma latinha, acho que vai outra!

Checando e-mail: "Oi minha vizinha especial!! Cadê vc que não está mais no orkut? Sentir sua falta.bjos e uma ótima semana pra vc."

Mas gente, um ser lembrou-se de mim. Será que o orkut continua o mesmo?

Acho que um sono está por vir. Travesseiros em seus postos... (ô falta do quê fazer)

Anywhay. Boa noite, boa sorte!

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Apesar de...



Essa carta é totalmente e absolutamente para você.

Entre tantas palavras mal ditas e malditas, não saberia dizer onde exatamente nos perdemos, ou onde te perdi. Mas sei que foi uma solução tardia, eis que me sinto presa ao fato de querer ser desejada. Sobretudo de ser desejada por você.

Com meu jeito selvagem receio ter dificultado a missão de ambos. Porque embora sem saber o que queria, adivinhava que seria algo difícil de dar e receber de você.
Sucumbida estou a uma completa irresponsabilidade: o desejo de ter e de ser possuída sem verdadeiramente se envolver. Parece isso uma loucura, eu sei, mas uma loucura sem necessariamente ser ou ficar doida.

Eu não digo que posso oferecer muito, mas tenho ainda a vontade intensa e uma esperança violenta. Mesmo com seu tom seco e doce dizendo não. Eu não choro, mas se for preciso um dia eu grito.

Eu já poderia ter tido você com meu corpo e minha alma. Sim poderia. Poderia ainda perder algum tempo pensando nisso sem perder a vida inteira. Mas isso também de nada me adiantaria.

Mantínhamos em segredo para tornar isso possível. Tenho disfarçado com falso entendimento e aceitação a sua indiferença, sabendo que essa sua indiferença pode ser apenas uma de suas angustias de toda uma vida, disfarçada.

Não fomos mais insanos em nossos propósitos para não nos sentirmos envergonhados antes de apagar a luz. Temo-nos temido um ao outro, acima de tudo. Pelo menos temíamos.

Você me dá a impressão de que voluntariamente se separa das pessoas que gostam de você, porque não está acostumado aos carinhos e elogios. A melancolia parece te seduzir mais. O sofrimento te apraz, pois não é mesmo com bons sentimentos que se faz literatura: a vida também não.

Para a felicidade te parecer aprazível você precisa “antes”, para verdadeiramente senti-la, de todas as garantias.

Não o condeno por isso, e ainda faço mais, vou me fazer conhecer melhor para você. E chegaremos à conclusão que isso era a única coisa que eu não poderia lhe dar.

Gosto de falar com as pessoas, mas uso pouco às palavras, pelo simples fato de me perder em seu manuseio correto. Sou irritável e posso agredir facilmente, mesmo que não seja a intenção. Mas tento não fazê-lo. Sou paciente e perdôo com facilidade. Esqueço de quase tudo e não esqueço nada. Sou tranqüila, mas profundamente colérica se provocada. As pessoas dificilmente me irritam e facilmente me magoam, mas sempre esqueço disso também, mesmo porque eu as perdôo de antemão. Gosto das pessoas de forma mais egoísta possível. E tenho uma paz profunda, somente porque ela é profunda demais e não posso atingi - lá.

Mas e o que eu sei de você. Quase nada, entretanto conheço-o profundamente. Apesar de seu ar frio, você é cheio de muito amor e é isso que certamente te dá uma grandeza, essa grandeza que você não percebe e que me dá medo.

Teu rosto, teu olhar tem um mistério de uma esfinge: decifra-me ou te devoro.

Sei que falo muitas bobagens, mas não menti em nenhuma delas. E se me confessei, não importa, sobretudo se foi a você.

Talvez agora você me desconheça um pouco mais. O melhor modo de despistar é dizer a verdade, embora eu não tenha nenhuma vez tentado me despistar de você.

Só me restou uma tristeza melancólica. Perder uma coisa que nunca a obteve, não é uma tristeza fácil de entender. Mas tudo bem, amanhã provavelmente terei alguma alegria, sem grandes êxtases, só um pouco de alegria. Mas depois de amanhã a alegria poderá ser intensa e me aplacar quem sabe “Deus sabe onde”. É assim a nossa mediocridade de aceitar as coisas e simplesmente viver.

Um dia um guru me disse que devemos arriscar mesmo apesar de:
Apesar de engordar, se deve comer. Apesar de sofrer, se deve amar. Apesar de viver, se deve morrer. E o apesar de, muitas vezes, é o que nos empurra para frente. E foi apesar de, que te encontrei e foi apesar de, que gostei de você.

E apesar de, fui logo desejando você. E é apesar de, que vou me silenciar quanto a sua indiferença. E é apesar de, que não mais te pedirei para olhar para mim. E acima de tudo é apesar de, não quero esquecer você e saber que você é uma exceção que foge aquela velha regra que homens são insensíveis demais para entender uma mulher. E é apesar de, que escrevo essa inútil carta, sabendo que nada voltará a ser como era antes.

Porém, você mais do que ninguém sabe que uma carta contém apenas uma esperança.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Explicando o inexplicável

É isto, mudei.

E não transferi os textos e os comentários e tudo o mais para a nova casa, então resolvi começar assim, limpo, organizado e decente. Na verdade estou adorando isso.

Até achei uma musiquinha que combina:


Começar de novo

Começar de novo e contar comigo
Vai valer a pena ter amanhecido
Ter me rebelado, ter me debatido
Ter me machucado, ter sobrevivido
Ter virado a mesa, ter me conhecido
Ter virado o barco, ter me socorrido
Começar de novo e contar comigo
Vai valer a pena ter amanhecido
Sem as suas garras sempre tão seguras
Sem o teu fantasma, sem tua moldura
Sem suas escoras, sem o teu domínio
Sem tuas esporas, sem o teu fascínio
Começar de novo e contar comigo
Vai valer a pena já ter te esquecido
Começar de novo



Nunca escutei esta música, e se ela for estilo bem brega, err... o que eu posso dizer... sorry.
Mas convenhamos, ficou combinando com a situação vai...
É isso!

Então "começo" oferecendo o selinho Barbarella para:


Rob Gordon, Lorida, Acepipes, Tyler Bazz, Sarge
E é só.. Blogs que realmente eu paro toda semana para lêr!

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quarta-feira, 15 de outubro de 2008

A malícia de uma despedida

Seu corpo fino, porém esbelto o bastante para despertar desejo em qualquer homem. Bonita? Talvez, mas em tudo uma mulher sensual. Ela pensara em terminar com Adalberto, seu namoro de alguns meses, mas não naquele dia, decidira que o encontraria uma última vez para se entregar àquele desejo mudo. Ela o tinha provocado, sabia disso, e talvez exatamente por isso ele a amasse sempre daquele jeito.

E foi com esses pensamentos que Ellen começou a pintar-se, mesmo sabendo que isso ela nunca o fizera muito bem, e que algumas vezes fora motivo de piadas para suas colegas. Para compensar sua maquiagem apática, ela sempre caprichava no perfume. Seguia sempre o mesmo rito, começava pelo pescoço e terminava pelos seios, ali ela passava delicadamente, quase que se acariciando com aquele perfume deliciosamente doce, cujo nome guardara somente para ela, escondendo de suas amigas. Esse era seu segredo, essa era sua malícia.

Usaria qual vestido? Certamente seria aquele que ela comprara após difíceis 3 meses de economia da mesada que recebia de seu pai. Tudo planejado. Quando ela foi à loja, sabia o que queria, sabia que seria algo delicado, com tanto que fosse modestamente sedutor. Algo que mostrasse sua delicada nudez. Algo que mostrasse o que Adalberto iria perder. Escolhera um vestido exatamente neste tom.

Colocaria os brincos? Sem dúvida. Algo que realçaria seu rosto e seus ombros esguios. Terminou colocando os sapatos, aqueles de cetim preto, que pegara emprestado com a amiga, a mesada não foi o suficiente para os dois. Olhou para o relógio, marcara 20h00min, finalmente chegara o momento. Olhou avidamente uma última vez para o espelho e percebeu seus olhos pintados de um tom de sarcasmo que diziam:

- Sem pudor esta noite, meu amor, ou serei obrigada a te devorar como uma virgem.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Amor em espera -Capítulo 2 -

Passava das cinco quando Ellen resolveu voltar. Já não poderia mais protelar sua conversa.
Sabia que ele ainda a esperava, mas não como ela queria que fosse ou como ela sonhara. Para ele, ela era somente sua amiga fiel e infalível de todas as horas, pensou ela.

Ao passar pelo corredor, já poderia sentir seu perfume em toda sua casa, com seu remate na sala de estar, onde ele a aguardava impaciente. Ellen parou de frente para o espelho por um instante para verificar se seu cabelo estava arrumado, foi quando ele se levantou.
- Pelo menos da próxima vez - disse ele - não esqueça de despedir-se de mim.
E sem delongas saiu de sua casa sem ao menos dar tempo para réplica. Deixando-a somente com o silêncio de um final de tarde com presságio de uma longa noite nostálgica.

- Ah! Como olhar para um sentimento atrofiado pelo simples desleixo de não saber como usa-lo.
Pensou ela. Como dar razão a ares que mostrariam uma suposta timidez desmedida e incorrigível. E lembrou-se do dia em que tropeçou ao entrar na sala em seu primeiro dia de aula, e seu jeito de levantar descompassado pela vaia geral, onde seu zumbido eternizara-se em seu ouvido. O que lhe custou horas a fio de terapias contínuas.
Olhou de volta ao espelho, para ver se ainda existia aquela menina que outrora subia no pé de manga acreditando estar em outro planeta. Não era mais a mesma. Pensou ela. Aquela bonomia inútil, uma arte de sonhar ensandecida e o tédio de sua voz tinham ficado para trás. Só restava uma mulher fatídica sem eira nem beira, somente com sua vontade reprimida de usar palavras de um poeta para uma pessoa que não saberia diferenciar poesia de uma bula a faziam esmorecer sem dó nem piedade.

E assim ela ia vivendo, sem olhar nos olhos dele, sem se deixar ver. Deveras, seu medo de ser percebida por ele uma única vez a fazia estremecer, pois para ela bastava-lhe somente um olhar, um momento apenas, para descobrir o que lhe ia à alma. Seu pecado imortal. Seu disfarce, sua mascara cairia mostrando toda sua insensatez, seu desplante e devaneios.

De menina ingênua e boazinha, pensou ela, somente meu arrebique que finge com esmero uma timidez anacrônica e pertinente. E com um suspiro de quem está cansada de tanto esconder o que lhe ia à alma, Ellen subiu para seu quarto, abriu as janelas para sentir a brisa do pôr do sol. Pensou em Deus, fez uma oração em silêncio, pensou em tudo que tinha suportado até o momento e agradeceu por não ter se entregado a perdição, à derrocada. Foi em direção a sua cama, deitou-se. Fechou os olhos por alguns momentos ficou assim, no silêncio.

E como se um dilúvio aparasse sua cabeça, Ellen deu um salto, e com a respiração ofegante, disse:
- Meu Deus, como sou cega, perdi tanto tempo em meu disfarce que não reconheci o mesmo nele! Sua inércia, era isso, sim, é isso! Esse tempo todo... E pensar que quase enlouqueci...
E Ellen em uma espécie de ânsia misturada com uma felicidade brutal começou a lembrar-se do dia em que o conheceu, há 20 anos atrás...

terça-feira, 27 de maio de 2008

Amor em espera - Capítulo I

Estava um sol fulminante quando a senhora Ellen resolveu fazer um passeio a cavalo.
As palavras que acabara de ouvir não saiam de sua cabeça, juntamente com seus pensamentos que faziam entrecerrar as pálpebras afogadas de sua vida louca.
Serás orgulho? Pensou. Ou extravasamento de uma auto-satisfação inútil?

Mas quando recordavas de suas loucas histórias, depois de tê-las sentido tão lunaticamente, escapava-lhe um sorriso de uma felicidade insana, pois não sabia o que realmente era a felicidade, apenas aprendera a sobreviver.
E em seu intimo agradecia a Deus por tê-la concedido o poder de escolha, um poder que nenhuma mulher -pensava ela- não teve até então, pois sempre estavam paralisadas pelas ordens dos homens.

E isso Ellen nunca aceitou em sua longa e frenética vida. Ser dominada. Não era submissa, prendada ou fiel a ninguém.
O tédio que Ellen sentia agora era por não mais ter a jovialidade voluptuosa de outrora, pensava ela ser a causa de sua vida está tão sem prazeres ou com uma falta de graça onde lhe sobrara demasiado tempo para corrigir a néscia de seu filho desalmado.
Para Ellen nada era bom demais por muito tempo, pelo menos nada a satisfazia por muito tempo.
Uma mulher austera, vaidosa, inteligente e sagaz, com uma paixão peculiar que alternava entre seus amantes e seus biscoitos açucarados com recheio de chocolate.

Nunca deixou se levar pelas opiniões dos outros, mesmo em fase de frivolidade sempre soube exatamente o que queria.
Afinal, pensava ela, vizinhos futriqueiros não tinha nada que dar pitágoras onde não lhe diziam respeito e onde não tinham conhecimento do que é a verdadeira paixão pela vida.
Se freqüentassem estabelecimentos requintados como ela, iriam aspirar ao que jamais teriam - toda a fúria de uma paixão pela vida. Um lugar onde o conjunto de seus valores férreos não ajudaria no momento de fraqueza e acabariam sendo levados pela ilusão e perdição. E isso a intrépida Ellen sempre tirava de letra.
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sábado, 17 de maio de 2008

Lobo mau apaixonado

Quem tem medo do lobo mau?
Ouvi dizer que a floresta não é a mesma, a pacata chapéuzinho passou de "moça dócil" a "mulher ranzinza", porque ficou para titia.
Já o lobo mau, hoje faz parte de um grupo seleto de monges que estão em revolução no Tibet, depois que ficou viúvo da vovózinha resolveu que serviria somente a evolução espiritual.

Dizem que o lobo mau está escrevendo uma biografia onde ele conclui que o melhor afrodisíaco para uma vida é a carência sexual prolongada, porque só assim ele pôde conhecer a sua companheira, sua amada e falecida esposa, a vovózinha.

Eles viveram muito felizes, ao contrário de todas as expectativas da floresta.
Sabem aquelas orelhas enormes, as “Orelhas de burro”!

Burro que nada, o lobo depois de passar a vida inteira comendo garotinhas,
descobriu que caldo de galinha velha é que faz comida boa.
A linda história de amor do lobo com a vovózinha começou entre o final da estórinha nostálgica que todos conhecemos e a estada do lobo na papuda.
Deveras, porque sob o aspecto jurídico e moral, o lobo cometeu uma enorme gama de crimes tipificados no Código Penal Brasileiro quando invadiu a casa da vovó.

Foi concluído no STF que o lobo não era mau, o coitado apenas estava com fome.
Só não se sabe até hoje de qual fome propriamente dita estavam falando, já que a vovózinha de vítima passou a cúmplice.
Quem não conhece a expressão de que não devemos ir ao supermercado fazer compras quando estamos com fome, se não pegamos tudo que vêmos pela frente?

Com o amor e a paixão também é assim.
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terça-feira, 6 de maio de 2008

Blábláblá

Bem ou mal, é sempre prazeroso escrever. Um dia desses uma pessoa me falou que estava numa enorme solidão. Ouvi mais um pouco quando justificou dizendo que não tinha com quem conversar. Pois bem, está ai um dos nossos problemas como seres sociáveis, estamos sempre precisando de outrem para ter a sensação de não estarmos sós.


Não existe lugar nem tempo em que não haja sofrimento. Dizia uma grande amigo, tudo na vida é efêmero, será sempre assim, não existe dor que dure para sempre, no entanto, também não existe felicidade que viva eternamente. A própria natureza da vida cria a necessidade da dor.


Existem as perdas que são necessárias ao nosso crescimento/amadurecimento. Porém é difícil a aceitação. E mais difícil ainda seria diferenciar a perda ou sofrimento necessário ou aceitável e sofrimento desnecessário ou inaceitável. Aceitar uma dor, sabendo que não podemos mudá-la é tarefa de herói.


E para ser um herói no mundo com está, haja auto-estima…

E deu-se a luz....


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Enquanto houver luz eu existirei....
Vivemos uma época em que parece que o mundo enlouqueceu. Quem sou eu? A grande pergunta da nossa vida. Somos o que somos, resultado da nossa educação, experiência, conquistas, fracassos e é claro, uma conexão com algo superior, seja a força da vida ou Deus. Em terapia, geralmente essa pergunta provoca um certo desconforto, onde a resposta vai além dos nossos sinais exteriores, e lá vem a famosa insegurança...

Ser inseguro não é duvidar de si mesmo? A insegurança não provém da ausência do autoconhecimento?

Lembra aquela máxima Socrática: "CONHECE-TE A TI MESMO".
Que tal buscarmos isto através de um Blog onde poderemos observar as diferenças existentes entre nós e os outros. Comparando, criticando, comentando.....

Afinal qual seria o significado da vida se não nos comunicarmos com outros seres??
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