segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Ano novo, vida velha.


Ano Novo. Ah Ano Novo. Sentados ficamos à mesa a te esperar. Mastigávamos preguiçosamente enquanto ouvíamos um som com batidas monótonas somente a te aguardar. Já havíamos esvaziados várias taças de um vinho seco qualquer, enquanto eu pensava no meu invencível e irremediável tédio.
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Ano novo no verão. Ahh verão. Verão este que me enche de melancolia desconsolada com esse crepitar monótono dos grilos que me deprimem como um pesadelo medonho. Apesar do tédio que nos corroia, nós nos preparávamos para comemorar a chegada do Ano Novo com toda sua solenidade, porém com certa impaciência que o sono impunha.
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Às vezes, quando até o ar que respiramos gelava de tanto tédio e reinava um silêncio solitário ficávamos a divagar sobre o que nos aguardava para o novo ano que se esperava. E depois de tanto pensar nos reconfortávamos com a idéia de que nada pior poderia acontecer conosco, já que estávamos numa vida de fracassos e desgostos. Afinal, o que mais poderia nos acontecer de ruim?
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Amor, não houve, nunca houve, nem agora há e provavelmente nunca chegará. Não há mais virilidade, ousadia ou cordialidade e por mais amargura que sentisse por viver num asilo deprimido e solitário, tentava me esforçar para ter pensamentos ainda mais tristes e sombrios. Já fui ofendido, humilhado e também ofendi e humilhei toda a minha vida. Parece que de tudo já foi sofrido. Sim, então o que acontecerá?
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É isso Ano novo. Em má hora eu vos aguardo. Eis que da vida me resta pouco. E agora me diga:
o que mais de ruim você me dará?

9 comentários:

Thiago Dalleck disse...

Que triste. E bonito.

George Marques disse...

Sou cada vez mais fã da Barbarella :D
E agora ela me faz pensar em coisas que nunca antes pensei.

Varotto disse...

Deve ser muito triste ser a tristeza.

Ninguém quer saber dela (góticos e emos não contam). Atravessam a rua para não passar perto e dão uma desculpa qualquer para não aceitar seus convites (sabe o que qui é? tenho de levar minha vó na aula de full-contact...).

Então, o que seria da tristeza se não pudesse ter ao menos um pouco de beleza?

É aí que entra a nossa Barbarella...

(caramba, "nossa" é muito abuso)

"Sou cada vez mais fã da Barbarella :D
E agora ela me faz pensar em coisas que nunca antes pensei."

É, George, concordo com você. Estou começando a achar que pode ser que nossa amiga seja uma musa que resolveu tirar umas férias do Olimpo (Xanadu mode: on).

Barbarella disse...

Xanadu foi ótimo Varotto, acho que assistíamos os mesmos filmes na sessão da tarde...rsrs

Feliz Ano Novo, de triste só o post mesmo.

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Laila disse...

Nossa, isso foi contrastante.

Barbarella disse...

Laila eu tenho essa mania...hehe

Sou sempre aquela que traz o outro lado da moeda, entendeu?

Pessismista? Não, diria realista.

Como disse alguém (acho que foi o Luiz F. Veríssimo):

Não sou pessimista, o mundo que é péssimo.

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Varotto disse...

Olha, vou ser sincero. Assisti ao Xanadu novamente outro dia e concluí que só vale pela nostalga mesmo.

O filme é muito ruim!:o)

Mas a trilha da Electric Light Orchestra é muito boa. Ainda tenho o LP.

(Tudo bem eu confesso: eu gosto também da metade da trilha da Olivia Newton-John. Mas não conta pra ninguém. shhh...)

. fina flor . disse...

menina, que melancolia.... sim, há os que vivem nessa situação, mas há os loucos que tomam banho de chuva com roupa, feito eu, rs*.... bora brincar na chuva!?

beijos e feliz ano novo

MM.

Blog do Sarge disse...

Oi anjo meu!


Hoje você partiu meu coração. Queria que seu talento fosse convertido em alegria, seria o ser mais alegre desse canto do universo.

Mas se faz alguma diferença, lhe deixo um beijo e votos de um novo ano bom.


Beijos