sábado, 21 de março de 2009

"Odeio quem me rouba a solidão...


Não faça isso
não tente me fazer feliz
não traga brilho para a minha vida
eu já me acostumei com uma vida sem graça
sem espasmos
sem você
não de chances para minha empolgação
não de asas para essa ilusão
não quero me envolver
não me provoque
quero a minha vida chata
sem você, sem graça
apenas eu e uma cachaça
não, não me venha com galanteios
nem com flores
não venha com esse convite encantador
não me tire à melancolia
não me roube à solidão.
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Seguindo o pensamento de Nietzche : "Odeio quem me rouba a solidão
............................................ ........ sem em troca me oferecer verdadeira companhia."

quinta-feira, 19 de março de 2009

Presente de Deus


Lembro-me daquele dia em que te esperava naquele corredor frio, sozinha, chorando, sem ninguém para desabafar.

Lembro-me do dia em que cheguei de viagem, em que te vi daquele jeito tão magra, pálida, fraca e sem esperança para alegrar.

Lembro-me das inúmeras vezes que chorei em silêncio naquele hospital, para esconder de você um pranto que insistia em se soltar.

Lembro-me das vezes em que pairava no ar um desespero, como uma bomba relógio e que eu não sabia o que te falar.

Lembro-me e lembrarei de todos esses momentos em que passamos juntas, para sempre agradecer a Deus por você retornar tão bela, tão suave para seu lar. E que a partir de agora, não perderei mais nenhum dia, mais nenhum momento que não seja para te amar e valorizar sua presença na minha vida.


Para minha mãe.
Ps. Na foto, eu e minha mãe em Nova York.

terça-feira, 3 de março de 2009

Ela. Ele.

Era somente um dia a mais, como outro qualquer. Lá estava ela distraída, com pensamento em coisas banais. Talvez naquele dia ela não tenha percebido o que estava acontecendo, mas o que houve naquele momento não voltaria mais no tempo, e nem palavras para que as descreva.

Ficou extasiada ao conhecê-lo. Ficou emudecida com tal habilidade que ele tinha com as palavras, apesar de sua timidez impedir que ele se soltasse mais. Mas bastou um olhar para que ela se perdesse nele. E assim foram, embolados, seduzidos no ritmo de suas conversas. Ela conseguia ser mais aberta com seus sentimentos, ele guardava para si. Ela falava, ele corava. Ele tentava se abrir loucamente, balbuciar alguma coisa, mas era difícil para ele reconhecer que ali estaria sempre seguro. Ele tinha medo. Medo do que ele talvez não poderia suportar, ou descobrir que era exatamente aquilo que sua vida almejada suportar no momento.

Somente aquilo. Nada mais. Algo simples, porém peculiar em sua intensidade.Ela acabou, enfim, tropeçando em suas próprias palavras. Um tropeço proposital, para perder um pouco daquela nostalgia, das regras, das preliminares, perder o equilíbrio para que pudesse ser amparada pelas mãos dele.

O entusiasmo foi suficiente para que a partir dali não houvesse outra coisa a ocupar-lhes os pensamentos ou outra vontade que não a de ver o outro. Já não haveria mais sossego nas noites solitárias, ele lhe roubara o sono, ela lhe roubara a melancolia.

E assim começaram uma vida nova, mesmo que tudo não saísse dali, mesmo sem um pequeno toque, mas ela sabia, ele sabia, que era o suficiente para viverem aquela paixão, na medida certa, nem muito, nem pouco, apenas uma paixão que vem como uma brisa.
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