terça-feira, 28 de outubro de 2008

E se....

Fazia frio quando ligaram para o senhor Henry:
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- O senhor precisa vir para o hospital urgente... disse a voz do outro lado da linha.
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- O que aconteceu? Perguntou. Mas em seu íntimo já sabia a resposta.
- Madame Henry está em trabalho de parto.
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Foi o suficiente para Henry sair em disparada, sem nem mesmo colocar o telefone no gancho. Já esperava por isso, quando saiu pela manhã percebeu um certo mal estar em sua querida esposa.
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Chegando ao hospital, Henry foi informado da situação de sua mulher:
- Senhor Henry, devo lhe esclarecer que o parto da madame Henry será complicado. Talvez seja importante a realização de uma cesárea, apesar de ser uma técnica nova, estamos confiantes de que será o melhor.
- Tudo bem Doutor, mas, por favor, não deixe que nada aconteça a minha esposa.
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E assim seguiram todos para a sala de cirurgia, inclusive o senhor Henry, que queria ficar ao lado da amada.Uma tensão no ar. Seguiu uma cirurgia complicada e demorada. Henry juntamente com as enfermeiras olhavam atentamente quando viram quando o doutor puxou o bebê.
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- Olha senhor Henry, disse a enfermeira, seu bebe nasceu, olhe, parece um menino.. sim, é um menino. Não está feliz senhor Henry.
Com uma cara de desespero e raiva eis a resposta:
- Como poderia, ele quase levou minha esposa.
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Somente este desabafo e Henry se retirou da sala, pois não poderia mais ver sua amada ser tão maltratada por aqueles médicos. Resolveu se sentar e esperar até que pudesse ficar com ela.Já haviam passado mais de duas horas quando veio finalmente o médico.
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- Senhor Henry, sinto lhe informar que perdemos seu bebê, ele já nasceu sem os sinais vitais, por isso o parto da sua esposa foi tão complicado, pedimos que o senhor tenha paciência, pois estamos tentando controlar no momento a hemorragia da sua esposa.
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Aquilo veio como uma facada para Henry, ele nem imaginava que sua esposa corria risco de vida. Ao ver a palidez do Henry, o médico sugeriu que ele fosse até a lanchonete comer algo, pois já estava ali há muito tempo sem se alimentar. E assim foi.. Pediu um café que não queria tomar e sentado na mesa ficou com seu cigarro a queimar somente com um pensamento.
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- E se ela morrer.- Pensava ele. - Não ela não irá morrer. Claro que não. Ainda tão jovem. Mas é se ela morrer. Mas e se ela ... não, isso não vai acontecer. Definitivamente não. Mas... não vou nem pensar nisso, ela não vai. Mas e se ela morrer... como iria ficar sem ela... não, não vai.
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Henry pegou a colher para misturar o açúcar em seu café como forma de espantar o agouro. Seus movimentos automáticos eram claros e seu pensamento com uma inquietação tão cruel que ele não conseguia desvanecer-se dele.
- Mas e se ela morrer. E ficava com esse pensamento inerte.
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Poderia confundir Henry com uma estátua de tão imóvel e sombrio ele parecia..
-Mas e se ela morrer. Já não só pensava, como falava também em voz alta.
- Mas e se ela morrer. – Olhando para o nada, repetia. – Mas e se ela morrer. Mas e se ela morrer. Não, não irá morrer. Não vai ficar tudo bem, vamos voltar para casa e continuar nossas vidas... como seria minha vida sem ela... não, não... não... ela não vai morrer.... Não poderia, não poderia me deixar sozinho... - e arriscando um sorriso gelado continuava - ... Não, ela não vai...
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Planejamos tudo, será tudo perfeito, ela ficará triste pela morte do nosso bebê... Mas, ela vai ficar boa. Vamos fazer uma viagem, ela vai ficar boa. Mas e se ela morrer.... mas e se ela morrer e me deixar... e se ela partir... e se ela morrer... Henry largou seu cigarro e seu café e correu para dentro do hospital, quando a enfermeira o encontrou:
- Senhor Henry estava a sua procura. Sinto muito senhor Henry...
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Ele correu. Foi em direção a sala em que estava sua esposa. Porém, já era tarde.
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A senhora Henry já havia falecido....
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E Henry não pôde despedir-se pois estava ocupado com seus pensamentos.
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2 comentários:

Anônimo disse...

muito triste...

Marcio Sarge disse...

Que angustiante.

Peço pra nuncar ter que passar por tal situação.

Ps. Você deve ler meus pensamentos moça, ontem eu estive aqui mas deixei pra ler esse texto hoje, quando tivesse postado algo lá no Sarge rs.

Beijos.