sábado, 1 de novembro de 2008

Divagações

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Os pensamentos mais importantes são o que mais tardiamente são compreendidos, justamente aqueles de que mais precisamos, aqueles pensamentos que nos devora.
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Foi assim que ela terminou sua noite. Assistiu a um belo filme que a fizera chorar, e talvez por isso ela venha agora a divagar - “Sempre vivo tentando esconder meu verdadeiro eu, meu espírito, minha alma, minha essência, meus segredos” - pensou ela - “Estou sempre pronta a me desviar de mim mesmo”.

Mas Hoje ela não teve escapatória, pronto, lá estava ela fazendo o que ela sempre evitara - escutar sua alma. O que aconteceu? Ninguém sabe! Talvez a lua estivesse olhando para ela neste momento. Cobrando-a de algo que só elas sabiam.
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Talvez a lua esteja decepcionada. Deve estar cansada da forma como vinha se escondendo. Mas restava uma esperança, a de que ela iria agir no momento oportuno.
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“É tarde demais”! – Pensou. A melancolia de saber que já estava tudo feito, que sua vida já estava consumida pelo seu destino e não tinha mais como escapar de sua sorte, deixou-a num vazio descomedido, numa tristeza sem fim.
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Tudo que era profundo para ela, seu coração reprimia. Na poesia ela compensava. Nas palavras sofridas ela sentia. Na melodia ela chorava. “Ah meu anjo, deixaste a vida lhe passar!” - disse alguém uma vez para ela. - “Agora o Sol não irá mais te acordar e os pássaros não iram mais cantar”.
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E assim foi vivendo sem subterfúgios, para os restos de dias escuros que ainda lhe haveriam de passar.

7 comentários:

Ígor Andrade disse...

Eu estou sempre me enfrentando. Até quando penso em me desviar de "mim mesmo".
Qual foi o filme?
Abraço!

Anônimo disse...

pq não deixou pra publicar hoje???
finados e tals... rs.
barba, minha querida...
seus textos me deixam pensando durante muito tempo... e já aviso que a humanidade não está preparada para tanto tempo de pensamentos vindos de minha pessoa... heuehuehuehuee.

Marcio Sarge disse...

Lamentei com esse filme que não vi, com o desvio que não foi meu, porque justamente hoje resolvi ouvir uma alma.

Mas foi bom rs.

Beijo.

Stephanie disse...

desde que comecei a me enfrentar, não consegui mais parar - e há um momento em que estar sempre nos fundo das coisas, nas verdades mais sujas, nos fatos mais incômodos é caótico e cansa. Mas a alma nunca mais reclamou que eu estivesse fugindo.

é um caminho, e só quando a gente trilha sabe o que vem de bom com ele.

obrigada pelo selinho, moça.
vou linkar você lá no leveza =)

beijo

. fina flor . disse...

todo dia escuro, passa, afinal...

beijos, querida e obrigada pela gentil visita, volte sempre que quiser

MM.

Anônimo disse...

Intenso, como sempre. Bonito!

Admito que eu, bobo que sou, gosto de coisas mais levezinhas, mas a trsiteza não deixa de ser muito bela à seu modo.

Beijo

Anônimo disse...

E, ah, respondendo o que você me pediu (suyper atrasado, pra variar, porque eu sou um fiasco):

Dos autores que eu postei lá no Acepipes Citados, meus preferidos são o Borges e o Calvino.

Borges é mais chatinho pra começar, mas depois que se pega o espírito é um tipo de autor que tem muita coisa pra te oferecer, acho que é o meu preferido.

O Calvino tem um humor muito inteligente e muito leve, eu gosto demais dos romances dele. Te indicaria, deixa ver... "O barão nas árvores" ou "O cavaleiro inexistente" ou então, o mais poético e sutil de todos, "Cidades invisíveis".

;)